Passagem para o romance
Além da privacidade para namorar, a viagem de lua de mel é a
primeira experiência da vida a dois, depois do casamento.
A pergunta é quase obrigatória, diante de um convite de casamento: “E onde
vai ser a lua de mel?”. Curiosamente, a origem do termo não tem nenhuma relação
com a viagem pós-núpcias. De acordo com a psicóloga Jacqueline Dallal Mikahil,
autora do livro Enfim… nós: a lua de mel, seus cenários e seus significados, uma
das explicações vem da Pérsia, há 4 mil anos. Na época, era comum o sogro dar ao
genro uma aguardente misturada com mel. O casal ficava recluso durante um mês –
um ciclo lunar inteiro –, enquanto o homem repunha suas energias com a bebida,
batizada de hidromel.
Outra teoria vem da Escandinávia. Lá, as noivas eram raptadas nas aldeias,
antes do casamento, e ficavam isoladas por cerca de um mês, até que pudessem se
casar. Há ainda uma outra versão, menos usual, em que os romanos pingavam
algumas gotas de mel na porta de entrada da casa dos noivos, para que tivessem
uma vida doce.
Fato é que, na prática, a lua de mel é o primeiro teste de convivência a dois
depois do casamento. E realizar a viagem dos sonhos com a melhor companhia é uma
forma de tornar inesquecível até o roteiro mais convencional.
Destinos nacionais
Mais de 70% dos casais que procuram uma agência de viagens para comprar o
pacote de lua de mel no Brasil, quer praia. Até os estrangeiros recém-casados
que vêm ao país buscam o Nordeste ou o Rio de Janeiro. Outra parte procura o
romantismo do frio do Sul, como os cenários floridos da Serra Gaúcha, em
especial Gramado e Bento Gonçalves.
A rede hoteleira investe nos agrados aos hóspedes apaixonados. Há pacotes
direcionados ao segmento romântico em qualquer categoria de hospedagem, dos
resorts mais sofisticados às pousadas mais singelas. E o preço, muitas vezes,
pode superar o custo de uma viagem para o exterior. O pacote de lua de mel no
resort Ponta dos Ganchos, em Governador Celso Ramos (SC), por exemplo, sai a
partir de R$ 15 mil. Eis um dos primeiros desafios da vida conjugal: equilibrar
o investimento com o destino escolhido para viver a lua de mel.
Casar lá fora está na moda
Se a lua de mel não for suficiente para celebrar o amor e o romantismo, é
possível tornar o próprio casamento um álbum de viagem. Cada vez mais, casais
apaixonados optam por realizar a cerimônia no exterior. O que parece uma
extravagância pode custar muito mais barato do que juntar as escovas de dentes
no Brasil, ainda que a empreitada fique mais cara para os convidados. Depois de
muito pesquisar, a decoradora de festas Renata Salvadego, 35 anos, de São Paulo,
optou em casar-se no Castello di Vincigliata, na Toscana, a 20 minutos de
Florença, na Itália. “Conheci o meu noivo na volta de uma viagem que fiz para
lá. Foi onde noivamos também e por isso escolhemos a região para casar”, conta.
A festa – com comida, doces, bolo, bebidas, decoração, iluminação, fotógrafo,
quarteto de cordas, DJ, padre, as passagens dos noivos e hospedagem para cinco
dias – está marcada para setembro e custará cerca de R$ 95 mil. Um evento
semelhante no Brasil sairia por, no mínimo, R$ 150 mil.
Desde que optou por casar no exterior, Renata conta que tudo ficou mais
fácil. “É uma festa mais simples, sem muitos detalhes. Existe uma série de
coisas que as noivas têm que abdicar. Em outro país, é preciso respeitar as
tradições locais, bem diferentes das brasileiras”, diz. Por causa dos
preparativos, ela já viajou duas vezes para Toscana: uma para escolher o local e
outra para cuidar dos detalhes da festa.
De acordo com a empresária Jacqueline Mikahil, da agência de turismo Be
Happy, é possível casar-se em várias partes do planeta, a custos bem diferentes.
“Há quem convide todo mundo e pague as despesas de passagens e hospedagem.
Também tem aqueles que só pagam a festa, e o convidado arca com o restante”,
diz. Foi a opção da Renata. Ela e o noivo, o corretor de valores Alan Cardoso,
30 anos, convidaram 200 pessoas. Até o momento, 70 confirmaram. “Acredito que
irão umas 100”, diz.
Para validar o casamento, de acordo com o Código Civil Brasileiro, os noivos
devem procurar um cartório na cidade onde residem em até 180 dias após o retorno
ao país de um ou ambos os cônjuges. A celebração da cerimônia no exterior deve
ser realizada perante as respectivas autoridades locais ou os cônsules
brasileiros.
Namorados em lua de mel
O dia dos Namorados pode ser a oportunidade perfeita para fugir do esquema
lareira-vinho-fondue. Uma viagem tem potencial para transformar a data em uma
verdadeira lua de mel.
Para que a aventura aconteça sem o risco de o casal passar por uma DR
(discussão de relacionamento) na volta, é importante definir um destino que
agrade aos dois, sem se apegar muito ao potencial romântico do lugar. “A viagem
tem que ter a cara do casal, tem que contemplar o perfil, seja ele tradicional,
aventureiro ou exótico”, diz Jacqueline Mikahil, proprietária da Be Happy,
agência especializada em viagens de lua de mel.
Uma alternativa que ajuda a evitar descontentamentos é a combinação de
destinos. “Normalmente, os casais querem praia, para descansar, relaxar e
ficarem a sós. Depois, procuram uma cidade para curtir a noite. Para isso, a
indicação são os pacotes combinados, como Maldivas e Dubai, Tahiti e Santiago,
Caribe e Miami”, conta.
Outra dica é apostar no romantismo e na exclusividade. Nada de resorts cheios
de crianças. De acordo com Caroline Nedelciu, diretora da Sonhos A2, outra
agência especializada no segmento, até destinos tradicionais, como Paris e
Veneza, podem ficar ainda mais românticos. “Podemos realizar uma cerimônia de
casamento na gôndola, um jantar no Rio Sena, um café da manhã na praia”, diz. O
upgrade, aliás, é comum para os que viajam a dois.
As agências de viagem e os hotéis oferecerem café da manhã no quarto, jantar
romântico, champanhe, chocolate, entre outros mimos para os pombinhos. “Esses
agrados são diferenciais para os clientes celebrarem o momento e, normalmente,
não encarecem significativamente os pacotes”, afirma Marcelli Benzi, gerente da
Interlaken Turismo.
Paixão zero
Nos Estados Unidos e na Europa, o Dia dos Namorados é celebrado em 14 de
fevereiro, Dia de São Valentim, que celebrava casamentos às escondidas no século
3. No Brasil, a data foi criada pelo publicitário João Dória. Em 1949, ele
produziu uma campanha para junho, mês fraco no o comércio. O slogan “Não é só
com beijos que se prova o amor” incentivou os namorados a se presentearem na
véspera do Dia de Santo Antônio, celebrado em 13 de junho.
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